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Nos últimos séculos, a sociedade moderna transformou pessoas em indivíduos, depois as colocou na condição de cidadãos e hoje, os diferenciam ou identificam como consumidores ou clientes. O ato de ter acesso ao mercado e ‘ir às compras’, de certa forma, se tornou mais democrático. A pós-modernidade gerou uma sociedade de hiper consumo, gerou simulações, excessos e fragmentações, mas também gerou mesmices comerciais e modismos coletivos. A comunicação publicitária insidiosa e sedutora tornava o ato individualizado da experiência de compra, em uma repetição do sempre igual. A moda cumpria seu papel de tornar uma coisa comum, e a condição comercial do industrialismo de escala gerava a ditadura do mesmo. Um rígido excesso de massificação. Mas, na verdade, o que nos diferencia não é o ato livre da escolha. Ninguém pode garantir que um objeto ou roupa não seja reproduzido e copiado. A criatividade está na forma inovadora como usamos os produtos e os transformamos em objetos pessoais, únicos e originais. Não precisamos fazer compras e escolhas para nos afirmarmos como diferença, temos que exercer nosso livre arbítrio e usar, refuncionalizar e resignificar os ambientes e momentos, objetos e coisas em nossas vidas. A moda precisa retomar seu outro lado: permitir um jogo de aparências, apropriações e interferências pessoais, viver cenários e personagens e usos criativos e múltiplos. A riqueza de se estudar a experiência do consumo está na forma que as pessoas usam, vestem e semantizam o que compram. Consumir não significa ir às compras com carrinhos e cartões de crédito na carteira. Significa um ato criativo de criar e se apossar de um sentido, uma experiência e criar uma história e uma intimidade particular com as coisas “possuídas”. Mesmo que tenhamos uma coisa única, ela pode ser ricamente transformada em uma imensidão e nos levar a diferentes direções e sentidos.